É fato que a gastronomia tem estado no centro das atenções no mundo. Hoje quase um terço das fotos postadas nas redes sociais têm apelo gastronômico, mostrando chefs famosos, outros nem tanto, alimentos apetitosos, drinks elaborados entre outras questões ligadas à gastronomia. Programas sobre o assunto se multiplicam nos canais abertos e fechados. Mas será que a gastronomia é só isso? Beleza e sabor? Ou temos algo a mais para apreciar nesse mundo tão diversificado? Vejo que a gastronomia tem origem na hospitalidade. Isso porque a hospitalidade já existia na Grécia antiga, onde o hábito de acolher era muito comum, oferecendo normalmente o celeiro para o viajante não dormir ao relento. Com o passar dos anos, chegando já na Idade Média, as cidades evoluíram e percebeu que poderia haver um negócio ali. Surgiram as hospedarias e dentro delas era servida uma espécie de “caldo ou alimento” que ajudava na restauração dos seus hóspedes. Pasmem, dai surge o nome restaurante, da sopa servida nessas hospedarias.
Uma outra questão relevante da hospitalidade está relacionado ao conceito que envolve a palavra, que para muitos remete somente a hospital. Na verdade, tem um significado muito maior. A hospitalidade está ligada ao ato de receber, acolher com carinho e atenção, de ser hospitaleiro. Uma das definições que encontrei que mais apreciei para palavra hospitalidade foi: ¨É o ato de receber e acolher com amor e aconchego¨. E isso me remete a uma frase muito repetida por cozinheiros mundo afora ¨Cozinhar é um ato de amor ao próximo¨. Olhando para essas duas frases, não tem como dizer que elas estão separadas.
Trazendo tudo para dentro dos restaurantes como negócio, vejo o tamanho da importância da hospitalidade. Estamos recebendo pessoas que estão repletas de expectativas vivas emitidas pela TV, mas muito fortemente pelas redes sociais. Dentro dessa expectativa, há a crescente necessidade de uma experiência, e isso independe do padrão do restaurante. Dentro do negócio, e se não formos hospitaleiros, como essa experiência de restauração poderá ser vivida na sua plenitude ou como parte dessa expectativa poderá ser atendida? Com certeza temos a grande possibilidade de não atender…
Sendo assim, todo investimento realizado em reformas, decoração, designer, compras de equipamentos e utensílios se perderão por falta de algo que está na essência do negócio: entender a necessidade do acolhimento.
Uma das grandes questões é: dá para treinar hospitalidade? Digo que sim. É claro que, como todas as habilidades, teremos pessoas com mais aptidão e outras com menos, porém, com esforço e dedicação, é possível aprender a acolher as pessoas com afeto. Mas isso requer uma dose de dedicação, disciplina, tempo e investimento financeiro. Mas, antes de tudo, é fundamental definir no DNA o entendimento por padrão de acolhimento e hospitalidade, definindo padrões e ações que devem ser tomadas para que seu cliente se sinta acolhido. Todo esse desenho deve ser colocado no papel para que seja gerada uma padronização no seu atendimento e, desta forma, seja replicado em sua equipe.
É hora de trazermos essa grande experiência para dentro das nossas casas. Simplesmente dizer que quero ser acolhedor e deixar que os outros definam essas ações é um tanto danoso e perigoso, porque elas podem não representar o que você deseja passar. Então, demonstre você qual o seu desejo como investidor, proprietário ou gerente, a sua forma de ver a hospitalidade e mãos à obra. E, se mesmo assim você ainda estiver inseguro com relação à hospitalidade com que está tratando seus clientes, busque ajuda especializada. Um novo olhar pode ajudar a você descobrir novidades que não eram vistas.
Texto: Adalberto Santos
*Adalberto Santos é sócio da Guersola Consultoria & Assessoria em Empreendimentos Gastronômicos. Graduado em Administração Empreendedora, Pós-Graduado em Gestão Empresarial e MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Possui uma experiência de 19 anos em gestão de empresas nacionais e multinacionais no segmento de hospitalidade, passagem pelos setores administrativos, operacionais e de alimentação, que possibilitaram uma visão ampla das estruturas organizacionais das empresas onde colaborou. Vivência na operação e abertura de empreendimentos hoteleiros como gerente geral de hotéis de diferentes portes e categorias, em mais de dez cidades no Brasil.
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