segunda-feira, 29 de julho de 2019

Adolpho Schaefer “sem frescuras”: conheça a história do Holy Pasta

“Vamos bater um rango aí?”. Quem está passando pela rua e resolve dar uma espiada no cardápio do dia do food truck Holy Pasta quase sempre vai ouvir a descontraída voz de Adolpho Schaefer, um dos sócios da marca. Além de anotar os pedidos, efetuar os pagamentos e conversar com os clientes, Adolpho, que participa do programa de televisão “Food Truck – A Batalha” no canal pago GNT, também arruma tempo para tirar fotos e conversar com o público.

Após a aparição televisiva, muito coisa mudou na vida de Adolpho e do Holy Pasta: “As pessoas passaram a me seguir e a seguir, consequentemente, o Holy. Tanto que os números de seguidores estão aumentando todo dia.”  A fama, no entanto, é seguida de uma constante preocupação com a qualidade de tudo o que é vendido: “Tem muita gente que não conhece o Holy Pasta que está vindo. A gente está na TV e isso trouxe uma preocupação, que é positiva: a gente está sempre em alerta” afirma Schaefer.

Um dos fatores que contribuem para o seu sucesso é a inexistência de barreiras entre Adolpho e o público. O sócio do Holy Pasta não quer ser encarado como um chef-popstar-famoso-distante da realidade: “A gente não tem barreira alguma com as pessoas. O cara fica dez segundos me olhando e vê que eu sou daquele jeito mesmo. Aí ele troca uma ideia, pega as crianças. A pessoa me vê por cinco minutos e já fala: ‘E aí, Adolpho, tudo bem?“.

Holy Pasta (4)Com a aparição de Adolpho no “Food Truck – A Batalha”, os números de seguidores do Holy Pasta nas redes sociais aumentaram bastante

Em fevereiro deste ano, o Holy Pasta completou cinco anos nas ruas da cidade de São Paulo.E o sucesso só aumentou.

E como foi o início do sonho do Holy Pasta?

O nascimento do Holy Pasta

Adolpho sempre quis trabalhar na área gastronômica. Desde pequeno, quando largou os estudos no colégio Objetivo, soube que essa seria a sua rotina.

Junto com um amigo, os dois abriram um boteco ao lado da casa de Adolpho, no Itaim Bibi, quando o bairro ainda era “bem residencial”. O lugar, chamado “Truta Forte”, funcionava apenas à noite e era frequentado pelos “brothers” da turma de amigos, com a clássica mesa de sinuca, muita cerveja e caipirinha. Mas o negócio começou a crescer e os amigos resolveram a trabalhar também com almoço.

O lugar, que inicialmente abrigava 40 pessoas, de repente tornou-se um estabelecimento com 120 lugares: “A galera se identificava muito com o nosso jeito, que era o jeito dos trutas. ‘Ah, vamos lá porque é o quinta de casa’, eles diziam. O Truta foi crescendo e eu fiquei no front durante um bom tempo, ajudando com tudo, gerenciando. De fato, eu nunca pilotei a cozinha, mas tramei muito dentro da cozinha”.

Um pouco antes dos amigos decidirem fazer uma pausa do negócio, Adolpho saiu e abriu uma lan house com uma amiga: “Era uma lan house em cima e lanchonete em baixo”. O cardápio da lanchonete era baseado em lanches que agradavam a molecada que passava lá, com alguns wraps, açaí, bolos. Isso durou de 2003 a 2004. Depois, com a internet rápida começando a chegar na casa da galera, “os moleques sumiram”. A solução foi passar a cozinhar, fazer três ou quatro pratos por dia em uma cozinha pequena.

Mais tarde, Adolpho foi trabalhar com sua irmã, que era produtora em um buffet. Trabalhou também com uns caras da agência R2C, que fazem o próprio serviço de alimentos e bebidas e que acabaram se tornando sócios do Holy. Ao total, foram mais de 10 anos vivendo um universo de bar, muito ligado à área de alimentação e bebida:“Sempre tive esse contato com comida”.

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Em fevereiro deste ano, o Holy Pasta completou cinco anos nas ruas da cidade de São Paulo

No começo de 2013, ainda na R2C, com uns projetos “cabulosos” pela frente, Adolpho passou a acompanhar o negócio dos trucks. Naquele mesmo ano, começou a passar no canal pago Fox Life o programa “Eat Street”. “No primeiro episódio, nós piramos. As coisas eram muito style. Geralmente era o cara com os brothers, com a mulher, uma coisa muito família. Eu falei: ‘Vou montar uma porra dessa’. Nem tinha lei na época, o Buzina ainda não tinha ido para rua. Mas eu não tinha dinheiro, tava duraço” disse o proprietário.

Ao total, eram 5 sócios envolvidos no Holy Pasta: “O Rodrigo deu uma articulada pesada, convenceu animal a entrar no bolo. Os caras me deram uma força com a grana e começamos a pensar na cor da kombi, fornecedor, o que iríamos fazer. No começo, ainda não fazíamos todos os nossos molhos, não produzíamos nossos próprios acompanhamentos. Quando fizemos, demos uma cara nossa. Quando fizemos o Mac’n Cheese, nem se fale. Colocamos um ícone”.

O processo de construção da marca Holy Pasta não foi tão complexo. Na rua desde fevereiro de 2014, o Holy Pasta encontrou mais dificuldade na procura dos pontos de venda. “No começo, velho, a gente batia a cabeça para caralho, até achar um pico. Tinha dia que a gente ia para a rua vender 10 pratos. O mais complicado foi construir os pontos, nem tanto a lei ou a logística” garante Adolpho.  “Às vezes, a gente ia na Francisco Leitão e era bem legal. De repente, 3 semanas depois, não é mais legal. Tava legal e ficou uma merda”.

 

Holy Pasta (21)Os sócios do Holy levam muito em consideração o preço final do seu protuto 

O dia a dia de Adolpho

O aumento do número de food trucks pela cidade serviu, segundo Adolpho, para difundir o movimento, nem tanto a cultura: “porque tem nego aí que não vive a cultura. O cara montou porque acha legal, quer uma grana, ele só quer saber de fazer eventinhos, vive dentro dos food parks. Só fomentam o movimento, não agregam em cultura”. Porém, há algo de bom nisso: “as pessoas começam a ter oportunidade de distinguir entre o que presta e o que não presta. O dia em que o consumidor vem aqui, vai no Buzina, no La Buena, ele vê que a história é aqui”.

Quando perguntado sobre como ele enxerga o negócio daqui a 5 anos, Adolpho diz que espera estar bem consolidada, trabalhando alguns pontos de rua, talvez com algum outro carro para frente. Uma das opções que passam por sua cabeça é fazer uma coisa um pouco maior, com uma central que abastece as lojas. No momento, Adolpho quer consolidar o negócio, criar uma raíz. “Por mais que a marca esteja forte, a gente ainda está em uma fase de enraizamento. Precisamos solidificar o negócio para trazer nego para investir. Essa é a nossa missão do momento”.

Com o truck funcionando de terça a sábado (segunda o trabalho é na base e, aos domingos, o truck sai para a rua aproximadamente duas vezes por mês), Adolpho tem a premissa de conciliar o trabalho com a qualidade de vida. Embora ele esteja tentando aproveitar o máximo essa onda, para “não se arrepender depois”, ele aproveita o tempo livre para sair com a família. Balada? Nem pensar. “Eu sou família pra caralho. Fico em casa, sou bem família. De vez em quando saio com os amigos para beber. Mas no dia-a-dia, não tem tanto agito, tento desacelerar”.

Holy Pasta (129)“Por mais que a marca esteja forte, a gente ainda está em uma fase de enraizamento. Precisamos solidificar o negócio para trazer futuros investidores”

Adolpho não tem frescuras quando vai escolher um lugar para comer em São Paulo: “Eu sou fácil (risos). Até vou em lugares mais simples do que as pessoas imaginam. Quando a gente sai para comer e beber, a gente vai em lugares pouco sofisticados. Vou nessas gazeteiras da vida, vez ou outra em uma cantina. Mas um lugar que a gente gosta de ir para meter o pé é no Outback, para se entupir de fritura e chope. E à noite, quando rola, a gente vai no Cão Véio, para prestigiar os caras. Mas não dá para ir toda hora, porque não é barato”.

“Teve uma época que eu ia muito no Joakin’s. Mas hoje em dia estou desconectado de ir sempre em um lugar específico. Eu ando meio “lost” até, sabe? Fica difícil de achar. Mas eu não gosto de ir em lugares com muita frescura. Trabalhei por algum tempo no Pobre Juan e durei 1 mês. O mês mais longo da minha vida (risos). E eu não consigo ir nesses lugares. A única vez na minha vida em que fui comer no Fasano foi quando um brother meu me deu de aniversário de 21 anos. Eu sou muito sem frescura. Não consigo. A gente vai a um lugar muito “afrescalhado” e fica desconectado. Geralmente a gente está com a família. É um negócio bem bagunçado”.

Holy Pasta (210)



Holy Pasta


https://pt-br.facebook.com/HolyPastaFoodtruck



Por Vinícius Andrade
Fotos: Fernanda Moura




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