quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Cozinheiro, onde você quer estar daqui a cinco anos?

Essa é uma das perguntas mais comuns em entrevistas de emprego em grandes corporações e empresas, e não é diferente nos restaurantes. Você, cozinheiro, está pronto para esta resposta?

Há mais de dez anos vemos o surgimento de escolas e faculdades de gastronomia formando novos profissionais para ingressar no mercado. Durante todo esse tempo, a área cresceu e foi levada à público através da TV. Muita gente boa apareceu, novos talentos foram descobertos e o mercado ganhou novos restaurantes, com propostas diferenciadas de gastronomia.

A carreira nessa profissão de cozinheiro é demorada, custosa, complexa, e envolve o profissional de uma maneira ímpar. Ele precisa estar preparado para ter aprendizado contínuo, seja no banco da escola, seja com a barriga no fogão. Quando saem da faculdade, têm na cabeça a ideia de uma carreira meteórica, com sucesso e dinheiro acontecendo tão rápido quanto for possível, mas precisam passar pelos estágios obrigatórios que a própria profissão impõe, e um deles é justamente a pergunta: “Onde você quer estar daqui a cinco anos?”.

A razão é simples: para os empresários, é necessário saber quem se está contratando. Será um funcionário que pretende fazer carreira e se fixar naquela casa para aprender e evoluir junto com ela ou simplesmente alguém que procura um degrau para tentar se destacar no meio da multidão e que deixará seu posto de trabalho assim que tiver a primeira oportunidade?

Essas dúvidas surgem por causa da glamourização que a gastronomia sofreu. O que antes era uma carreira quase escondida no submundo da cozinha, onde apenas alguns conseguiam se sobressair, hoje é simplesmente a síntese de uma profissão onde fama e grana andam de mãos dadas. Pelo menos essa é a ideia da grande maioria.

Leio semanalmente entrevistas com empresários e chefs e a frase “mão de obra é cara e mal preparada” é uma constante. É fácil achar artigos onde esses chefs falam sobre a falta de conhecimento básico dessa nova geração saída das faculdades, e também sobre como eles não aguentam turnos de trabalho realmente puxados, mas querem ganhar muito e em pouco tempo.

A pergunta permanece: “Onde você quer estar daqui a cinco anos?”

Para se ter uma ideia, em cinco anos, o profissional recém formado em gastronomia estará no meio da carreira, possivelmente em um cargo como 1º cozinheiro ou chef de partida. Até ele conseguir atingir o ápice da carreira, lá se vão ao menos mais 3 a 5 anos, se tudo der muito certo, porque podem haver acidentes de percurso e o pretendente ao cargo de chef de cozinha precisa muitas vezes dar um passo atrás para poder seguir em frente.

No Brasil, temos mais um fator complicador: os salários oferecidos no mercado de trabalho comum, ou seja, os restaurantes do dia a dia não são os mais atrativos. Segundo pesquisas, a média fica entre R$ 1.200,00 a R$ 1.700,00 de salário de ingresso na carreira. Alguns ofertam salários ainda mais baixos, de acordo com as tabelas sindicais. Dessa maneira, o sonho de se tornar chef, ganhar bem e ter fama fica frustrado e pelo meio do caminho, já que muitos desistem de seguir carreira.

Ter a resposta para aquela pergunta não é nada fácil, mas é possível.  Depende do quanto de força de vontade o novo profissional tem para chegar lá.

Texto - Marcelo Santos


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